Debate na Band II
Insistindo dramaticamente, quase histérico, na questão da origem do dinheiro do dossiê Vedoin, o candidato Alckmin conseguiu dar ao debate da Band, nesta noite de domingo, um calor que há muito não se via num debate político.
Do outro lado vimos um Lula seguro e ético o bastante para não explorar temas que seriam constragedores para Alckmin, como o episódio dos 400 vestidos que dona Lu, esposa dele, teria ganho ou encomendado de um estilista, o escândalo da Nossa Caixa, as licitações do Rodoanel e a ajuda do governo de Alckmin à revista do acupunturista de sua família.
Pelo tom do debate e com Alckmin explorando ad nauseam a questão da origem do dinheiro do dossiê encontrado na mão de petistas num hotel em São Paulo, parece que a campanha de fato começa agora. Lula, de passagem mas de maneira tranquila e bem humorada, disse que tanto quanto Alckmin ele quer saber com urgência de onde veio o tal dinheiro e que não sabe porque é presidente e não policial.
Ao fim dos debates, José Serra, governador eleito de São Paulo achou que Alckmin foi melhor e Marta Suplicy, corrdenadora da campanha petista em São Paulo, se disse decepcionada com Alckmin, por ter o candidato tucano demonstrado não entender nada do Brasil e ser pequeno diante da grandeza do país.
Um Alckmin visivelmente nervoso, tenso e agressivo diante de um Lula às vezes irritado, mas irônico na maioria do tempo, ambos ficaram se defendendo dos ataques. Lula atacou com frequencia as privatizações dos governos tucanos e Alckmin prometia que não vai privatizar mais. Lula rebatia dizendo que vai sim, que esta é a lógica tucana e pefelista, inscrita em suas plataformas partidárias. Em tréplica o tucano só faltou jurar por deus que não vai.
Quando Alckmin, numa tentativa de jogar para platéia, disse que, caso eleito, irá vender o aerolula, o avião presidencial, Lula riu e disse que isso era uma sandice de quem não sabia o que estava falando.
Alckmin, embora enfático e bem articulado, foi repetitivo quanto à questão do dossiê, fator que acabou contando ponto contra pois deu a impressão de que ele não tinha mais nada a dizer.
Faltou a Lula deixar mais claro o que ele queria, exibir suas propostas para um novo governo. Insistiu, com pouca consistência, de que continuará fazendo todo o esforço para o Brasil continuar crescendo.
Ganhou Lula quando disse que em seu governo tantos encândalos apareceram porque ele nunca mandou jogar lixo debaixo do tapete, ao contrário dos governos do tucanato, onde os escândalos eram resolvidos num acordo de camaradas.
Alckmin fez um discurso claramente de direita, enfatizando, dentre outras medidas, que mandará ao Congresso, se eleito, emenda para alteração no Estatuto da Criança e do Adolescente.
Seria um terrivel erro.
O ECA talvez seja uma das legislações mais modernas do mundo no assunto. Por força da influência ibérica no pensamento brasileiro, existe uma crença de que, uma vez que o Estado legisla sobre determinada questão, ela está resolvida. E, quando isso não acontece, a culpa é da lei. Alckmin parece ter embarcado nesse equívoco e num escorregão mostrou a sua pior face.
Bem, a campanha começa mesmo amanhã e, a julgar pelo debate da Band, teremos 20 dias de sangue no olho.
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