Tempos obscuros, ainda
da Redação CartaCapital
O repórter Alisson Avila foi demitido por se apegar à verdade factual, preceito basilar da profissão
Na edição 468 (de 31 de outubro de 2007), CartaCapital publicou uma reportagem de capa assinada pelo jornalista Alisson Avila. O texto trazia informações inéditas sobre a queda de audiência da TV Globo neste ano e o conseqüente crescimento da Record e de outros concorrentes. Baseava-se em números oficiais de restrita circulação do Ibope, principal instituto a medir a participação das emissoras no mercado.
Originalmente, Avila, um experiente repórter especializado em mídia, iria publicar as informações no veículo onde trabalhava, o jornal Meio & Mensagem. Mas, como os tempos andam estranhos, para não dizer coisa pior, no jornalismo brasileiro, em vez de ver seu trabalho exposto com destaque nas páginas do diário, o jornalista acabou demitido. Avila recusou-se a promover alterações, solicitadas à diretoria do Meio & Mensagem pela Rede Globo, com o objetivo de minimizar o enfoque da reportagem, desfavorável à tevê da família Marinho.
Não foi o primeiro caso no Meio & Mensagem em que um profissional foi demitido por pretender simplesmente narrar os fatos como eles são, princípio basilar da profissão. No ano passado, o editor Costábile Nicoleta foi convidado a deixar a empresa após a publicação de um texto sobre a morte de Octávio Frias que relatava as próximas relações do publisher da Folha de S.Paulo com a ditadura militar. Coisa que até os paralelepípedos da alameda Barão de Limeira estão cansados de saber. Em nota oficial, tanto a Globo quanto o M&M negaram interferências no trabalho de Avila. Segundo a direção do Meio & Mensagem, ele foi demitido não por causa do conteúdo, mas pelo tom da discussão com a editora do jornal, Regina Augusto.
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