Escaldado com "Veja".
Não se sabe até que ponto se pode levar muito a sério o que a Veja diz e principalmente o que colocam na sua capa em momentos de crise. Normalmente a capa ( e, quase sempre, o miolo) é uma espécie de mala com o fundo falso.
Sem gás para poder explorar o episódio Vedoin, que já está caindo de podre, nesta semana ela elegeu o filho de Lula como alvo, de maneira bem cruel. Nunca se sabe alí o que é verdade, o que é meia-verdade ou o que é uma mentira inteira. Na dúvida eu não acredito em nada.
E tenho meus motivos. Pelo menos dois.
Durante a campanha de Quércia à presidência da República, "Veja" colocou um sujeito para acompanhar uma equipe de trabalho do candidato que andava fazendo prospecções políticas em várias cidades do Brasil.
O foca que acompanhou aquela equipe, (e que aproveitou para filar o avião e a comida dela) talvez querendo mostrar um serviço à altura das expectativas do patrão, simplesmente só falou mentiras na reportagem. Nada era verdadeiro naquela matéria publicada em "Veja".
Outro exemplo foi quando Collor estava cai-não-cai.
Veja publicou em sua capa uma foto monumental dos jardins da Cada da Dinda, tirada de um ângulo e um enquadramento tais que mais parecia o palácio de Nabucodonosor ou de Suleyman, o Magnífico. Dentro da revista mais horrores. Seus jardins, seus montes, cascatas, com jacarés e aves raras sob um céu onde o azul é mais azul, completavam a capa em uma descriçao repugnante.
Uns tempos depois, outro jornalista foi lá fazer uma reportagem , para outra revista, e ficou abismado de ver que "aquela oitava maravilha do mundo", não passava de uma porcaria de um muro com plantas, um laguinho muito vagabundo sob uma queda d'água que rolava de uma pedra por meio de uma bomba, dessas que se compra em qualquer loja de material de construção.
Por essas e por outras, é que outro dia quando recebi um spam de "Veja", desses que não param de encher o nosso saco, me oferecendo umas revistas de graça por um mês, eu respondi dizendo que não quero nem de graça e nem para o resto de minha vida, que seja. Fiquei escaldado.
2 Comentários:
Concordo plenamente.
E faltou falar de uma coisa: a Veja é simplesmente ruim. Mesmo nas matérias sobre arte, cultura, saúde e outros campos desvinculados diretamente da política, a Veja escreve mal.
Primeiro porque nunca é imparcial. O jornalista sempre parece fazer questão de se posicionar. Até aí tudo bem. O problema é que eles fazem isso não apenas em ensaios ou colunas de opinião, mas em todos os artigos. E como o sujeito é jornalista, e desconhece o assunto de que trata, normalmente se posiciona falando muita bobagem.
Segundo porque a maior parte das reportagens é muito mal estruturada e superficial. Não é isso o que se espera de uma revista. A revista semanal tem que se aprofundar nos temas e não trata-los do mesmo modo que os jornais. Até hoje não sei se é soberba, incompetência, preguiça ou – mais provável – uma combinação dos três.Você lê vinte páginas e chega à conclusão de que continua sabendo muito pouco sobre aquele assunto. Felizmente só tenho tido acesso a Veja no consultório de meu dentista e tem servido pelo menos para passar o tempo. Mas imagino se eu tivesse sentado em casa para ler. Teria passado raiva demais.
Em terceiro lugar, a Veja tem o péssimo hábito de importar ipsis literis reportagens da Newsweek, mesmo que elas não interessem aos brasileiros nem um pouco.
Como sou arquiteto, lembro-me de dois artigos absurdos e frases marcantes da Veja:
“Le Corbusier: um imbecil com talento” – esse era o título de um artigo. Havia uma exposição de croquis de Corbusier no Rio e a reportagem – não assinada – chamava o maior arquiteto do século XX de imbecil, dizendo que “ainda bem que nem todos os devaneios dos arquitetos saem do papel”. De fato. Mas a jornalista – acho que era uma tal Ângela Pimenta – estava falando de um projeto fictício que Le Corbusier propôs para o Rio de Janeiro de modo a ilustrar suas idéias. Ele mesmo não desejava ter o projeto executado. Era só uma ilustração. E as idéias foram tão instigantes que despertaram um grupo de arquitetos do Rio para as idéias do Suíço, resultando em boa parte do Movimento Moderno em Arquitetura no Brasil. Em suma, a jornalista recomendava que não se visitasse a exposição com os desenhos do “imbecil”.
Houve um artigo em que a mesma Ângela Pimenta – agora assinando o artigo – disse: “...porque todos sabem que o Palácio da Alvorada se parece mais a uma repartição pública que a um Palácio...”, num artigo sobre a escolha do presidente Itamar em não morar na residência oficial de nossos chefes de Estado. A frase e o artigo todo revelam uma ignorância tão grande que, acho, não é preciso nem comentar.
Enfim, também não quero Veja nem de graça. Veja é pior que injeção na testa.
Abraço,
Danilo
Danilo,
vc entendeu o clima e foi além e brilhantemente. Quis citar apenas dois exemplos que conheci de perto. Mas como leitor concordo com todas as suas palavras, letras e pontos de vista. A sensação que temos, quando lemos algo em Veja é que terminamos a leitura sabendo menos e mal. Mas o que é pior não é a péssima qualidade das matérias, mas a péssima qualidade do caráter de quem escreve. São uns impostores. É, como disse, repugnante.
Abração, idem.
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