A imprensa que ouve sempre os dois lados: "o meu e o dos meus amigos."
por Danilo Matoso Macedo*
A Revista Veja não arrefeceu. Seus editores já deixaram bem claro que não vão abrir mão do tom denuncista e da indignação exacerbada típica de quem deseja convencer pela instransigência e o radicalismo. A história mostra que este é o tipo de discurso que surge em momentos univalentes como a ditadura Stalinista, a ditadura nazista na alemanha, o franquismo na Espanha. Até - por que não? - a ditadura militar em nosso país. É o argumento que não admite contraposição, sem espaço para a dúvida. Vejam a nota abaixo(1) com especial atenção ao "fecho de ouro", de significado claro e surpreendente acerca das intenções dos editores.
Amigos, o momento inspira cuidados. É preciso cuidado no trato da informação e mais cuidado ainda ao se ler as entrelinhas de uma telenovela ou um jornal. Essa turma, os donos dos meios de comunicação, não vai querer abrir mão do papel de "formadores de opinião" que reivindicam para si. O resultado das urnas foi uma demonstração de que o poder deles é limitado e vai, certamente, reduzir o valor político da Veja, Estadão e Folha de S.Paulo no cenário nacional. Da Globo não digo, pois eles acenderam uma vela pra cada santo, dando margem aos ataques de ambos os lados e impedindo as defesas. Ao denunciarem os ataques do PT e do PSDB, sem margem às defesas, deram o sangue que cada lado pedia, e a ilusão de justiça.
O clima de golpe já se anuncia. No Senado a "tropa de choque" liderada por Heráclito "Jabba the Hut" Fortes e Arthur Virgílio já foi às tribunas falar em derrubada de Lula. Virgílio disse que: "O presidente reeleito, portanto, começa mal. O hábito do cachimbo entortou-lhe a boca. Ainda é tempo de refletir e recuar". Vejamos se não surge na TV alguma minissérie ou novela com o povo na rua lutando "contra o regime" - como a "Anos Rebeldes" que mobilizou a meninada histérica pelo impeachment de Collor. A novela "Páginas da Vida" e a "Cobras e Lagartos" já colocaram a classe A no comando para mostrar que pobre não sabe mandar (o caso do personagem vivido por Lázaro Ramos é emblemático). O time de protagonistas da alta elite carioca da novela das oito exclui completamente outra possibilidade de sucesso pessoal ou profissional. Acho que a personagem mais ridícula é a vivida por Marcos Paulo, onde um médico assistencialista passa anos na África cuidando dos necessitados, como se aqui não os houvesse. Pode ser que a coisa tenha sido sutil demais e não funcionou como eles queriam. Pode ser que eles coloquem o ponto de vista de modo mais claro.
O povo tem que se mobilizar é pela estabilidade dos governos em prol de uma política real de Estado, e não pela derrubada sistemática de governantes devido a escândalos circunstanciais.
É bom lembrar que o levante militar de 1964 foi motivado, na superfície, pelo mesmo tipo de intransigência e indisponibilidade ao diálogo; no fundo, pelos valores que todos vimos.
Danilo Matoso Macedo é arquiteto, de Brasília.
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