Arrivismo fatal.
MODELO MORRE DE FOME EM SÃO PAULO.
Foi de cortar o coração ver uma jovem bonita, com uma carreira de sucesso pela frente morrer estupidamente. Vítima da ditadura da magreza imposta pelo mundo da moda, Ana Carolina Reston, de 21 anos, morreu, para simplificar, de fome, pesando 40 quilos, assassinada por uma indústria que só visa lucros.
Na verdade a causa da morte tem um nome médico mais glamuroso, como tudo no microcosmo da moda: anorexia. A doença se caracteriza por um conjunto de sinais e de sintomas que leva a pessoa a ir adquirindo uma ojeriza por comida por medo de engordar.
Uma morte é igual a todas as mortes, mas ela é de esmagar qualquer consciência e violentar o senso de responsabilidade de quem quer que tenha um mínimo de vergonha na cara, quando ela atinge um jovem, uma criança. Seja pela fome e magreza que valorizam um padrão misógino de beleza, seja pela fome endêmica que colhe e dizima milhares de crianças brasileiras, africanas, asiáticas, vítimas de toda sorte de desigualdades. É dever de qualquer cidadão decente não aceitar calado, não admitir, não tolerar que qualquer jovem seja vítima dessa carnificina, seja ela imposta por padrões de beleza seja causada pela vergonha da absurda distância entre ricos e pobres. A morte, nestas circunstâncias, arruina qualquer forma de esperança.
Se no caso das mortes que têm como causa as complexas opções socias e históricas as soluções estão mais distantes, a morte de Ana Carolina é fácil de compreender: foi a ganância voraz e criminosa da indústria da moda e seus acumpliciados que matou a menina. É uma gente que não se lixa para nada desde que o som da caixa registradora esteja sempre sendo ouvido. São bilhões de dólares em jogo e, portanto, como tudo que envolve cifras em dólares, é um guerra de vida ou morte. Normalmente vida e boa para os agentes da moda e algumas pouquíssimas modelos e morte para a arraia miúda.
Está se tornando um sério problema social, em todo o mundo, esse tipo de crime não tipificado pelo código penal, mas um crime de natureza ética e moral: a ditadura da beleza e da magreza imposta a meninas de 13 anos, vítimas das ilusões de uma sociedade que só visa o lucro, a ascensão social e o sucesso a qualquer custo.
Como já acontece em muitos lugares do mundo, chegou a hora do Brasil encarar com responsabilidade este problema, incluindo no Estatuto da Criança e do Adolescente normas para evitar que estas meninas sejam gigoladas de maneira criminosa e irresponsável pelos agentes promotores do universo da moda, aí bem entendidos a indústria têxtil, a indústria dos desfiles, as grandes griffes, as indústrias de confecção, calçados, lojas, estilistas e promotores de eventos que envolvam crianças e adolescentes entre seus protagonistas.
Conheça as características típicas das vítimas da anorexia:
- Evitam refeições em casa;
- Evitam troca de roupa na frente de outras pessoas;
- Usam roupas largas, para disfarçar a magreza excessiva e afastar as críticas;
- Têm medo intenso de ganhar peso;
- Têm menstruações pouso freqüentes ou ausentes;
- Fazem exercícios intensos ou de maneira compulsiva;
- Fazem uso abusivo de laxantes ou diuréticos;
- Sentem dores abdominais constantes;
- Em estágio avançado, têm queda de cabelo e dos pêlos pubianos, as unhas ficam fracas; desenvolvem uma espécie de penugem sobre o corpo, como nos recém- nascidos, para protegê-las do frio.
- Freqüência cardíaca diminui.
Fontes: Secretaria de Saúde de São Paulo e Associação Brasileira de Psiquiatria
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