Chávez é "outra pessoa", para Bush
No discurso que fez hoje, 9/2, na Transpetro, em Guarulhos, o presidente americano George W. Bush, embora seja um mentecapto, elogiou a tecnologia brasileira de geração de etanol (álcool) e considerou nossa iniciativa estratégica e geopoliticamente importante. Ótimo, é mesmo. Numa clara alusão ao presidente venezuelano Hugo Chávez, mesmo sem dizer nomes, Bush falou que os Estados Unidos querem e irão substituir, nos próximos 10 anos, 20% de seu consumo de petróleo por fontes não-fósseis de energia, como o etanol, pois seu país não pode ficar na dependência de " outra pessoa".
Curiosamente o percentual está muito próximo dos 16% do consumo interno americano que hoje vem da Venezuela.
Ao reconhecer que o Brasil hoje é lider mundial na produção do etanol, de grande interesse estratégico para os Estados Unidos, Bush foi ambíguo ao insinuar que não quer depender de "outra pessoa" (Chávez) ao mesmo tempo que diz que quer o nosso produto, ainda que tenha deixado claro que não pode fazer nada para romper as barreiras internas impostas pelo seu país. Então, nós não somos "outra pessoa"? Somos, o Brasil e o EUA, a mesma pessoa, uma só pessoa? Não deu para entender...
Se por um lado a visita de Bush pode ser realmente muito proveitosa e lucrativa para o Brasil é bom que ele saiba que nós também somos "outra pessoa". Não será suficiente, e é até humilhante, querer trazer para cá a contrapartida de um navio-hospital e coisas do tipo, numa espécie de reedição da Aliança para o Progresso ou os batalhões do Peace Corps, de péssima lembrança.
Por outro lado se Bush quer, com seu périplo, tentar eclipsar a figura de Hugo Chávez na América Latina, seu tour ao sul do equador redundará num solene fracasso. Enquanto Bush, sem propostas concretas, visita países que não estão diretamente influenciados por Chávez, como o Brasil, Uruguai, Colômbia, Guatemala e México, o presidente venezuelano despeja bilhões de petrodólares de ajuda e empréstimos à Argentina, Bolivia, Paraguai, Nicarágua, etc...
O Brasil pode, e deve, de fato, tirar proveito da liderança tecnológica e de sua dianteira na produção mundial de etanol, além da tecnologia dos motores flex, mas sempre conversando de igual para igual.
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