Renan Calheiros licencia-se da presidência do Senado
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou no início da noite desta quinta-feira (11) seu afastamento do cargo de presidente do Senado, após mais de 150 dias de crise. Em pronunciamento gravado pela TV Senado, Renan afirmou que "o poder é transitório, enquanto a honra é poder permanente", e que lutará para provar sua inocência até o fim.Renan licencia-se somente da presidência do Senado, mas mantém o seu mandato. O afastamento do cargo é previsto pelo regimento interno do Senado e vale por 45 dias. Neste período, Renan será substituído pelo vice-presidente da Casa, Tião Viana (PT-AC).
O senador passou todo o dia em reunião com amigos e aliados na residência oficial do Senado Federal, no Lago Sul, em Brasília. Ele recebeu a visita dos senadores Wellington Salgado (PMDB-MG) e Edison Lobão (PMDB-MA), e do governador de Alagoas, Teotônio Vilella (PSDB). Segundo aliados, o apoio dos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e José Sarney (PMDB-AP) foi decisivo para que Renan resolvesse se afastar temporariamente do comando da Casa.A decisão teve apoio do Planalto, que temia 'surpresas' no trâmite da votação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional), que prorroga a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) até 2011 no Senado. Segundo previsões do governo, a votação deve acontecer até 20 de dezembro. Em contra-partida, Renan teria o apoio do governo em sua defesa no Conselho de Ética do Senado.
Desde o início da crise, há cinco meses, Renan sempre negou a possibilidade de se afastar do comando da Casa. Na última quarta-feira, chegou a comparar-se a um coco para ilustrar sua disposição em ficar. "Rapaz, para tirar o coco, não basta balançar o pé que ele não cai. Quem quiser, vai ter que subir no pé e retirar o coco com as próprias mãos", disse o ex-presidente do Congresso a senadores aliados.Entretanto, a pressão - tanto da base aliada quanto da oposição - para que Renan deixasse o cargo aumentou nesta semana com o surgimento de uma quinta denúncia: o peemedebista é acusado de ter usado o cargo para espionar adversários, manipular andamento de processos do Conselho de Ética e influenciar nas indicações e trocas de parlamentares na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Denúncias
Renan já foi absolvido de um processo de cassação pelo plenário do Senado, em 12 de setembro, pelo placar de 40 a 35 e seis abstenções, mas ainda responde a outras denúncias por quebra do decoro parlamentar.
Em outro processo, Renan foi acusado de ter intercedido no INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) e na Receita Federal em nome da cervejaria Schincariol. A ajuda do senador teria sido uma retribuição à cervejaria pela aquisição - por R$ 27 milhões - de uma fábrica de refrigerantes de seu irmão, o deputado Olavo Calheiros, em Alagoas. A fábrica estava prestes a ser fechada e valia menos (cerca de R$ 10 milhões). Os irmãos Calheiros também são investigados, neste processo, por grilagem de terras em Alagoas.
Renan responde também por suposta quebra de decoro por usar "laranjas" para comprar duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas.
Fonte: UOL
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial