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06 novembro 2007

Venezuela:"Apenas substituímos armas dos EUA"

General venezuelano nega planos de operação militar fora das fronteiras e justifica compra de armas como reposiçãoAlberto Müller Rojas critica novas milícias e diz que seu país não tem capacidade para fazer uma intervenção militar efetiva na Bolívia

FABIANO MAISONNAVE DE CARACAS/Folha de São Paulo

Um dos principais conselheiros militares do presidente Hugo Chávez nos últimos anos, o general Alberto Müller Rojas, 72, diz que as recentes compras de armas feitas pela Venezuela foram a solução para o embargo imposto pelos EUA e seguem a lógica de uma guerra assimétrica defensiva. Para ele, as preocupações do senador José Sarney (PMDB-AP) sobre o assunto são "ridículas". Em julho, Müller Rojas teve uma divergência pública com Chávez ao afirmar que as Forças Armadas do país estão "politizadas" e foi repreendido. Com isso, se afastou da cúpula do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), em processo de criação, embora continue filiado. Leia a entrevista que concedeu à Folha:
FOLHA - As preocupações do senador Sarney sobre as compras de armas da Venezuela procedem? ALBERTO MÜLLER ROJAS - É simplesmente ridículo. Quando se examinam os gastos militares na Venezuela, o país ocupa o sexto lugar. O país que mais gasta é o Chile, seguido do Brasil. A Venezuela não está em nenhuma corrida armamentista. O ex-presidente Sarney deve estar louco ou é simplesmente um farsante. Ele conhece perfeitamente, por sua experiência de chefe de Estado, qual é o tamanho da força do Brasil e qual é o tamanho da força venezuelana. É uma diferença abismal.
FOLHA - A Venezuela já comprou US$ 4 bilhões em armamentos da Rússia, e a expectativa é que o montante triplique. Qual é o motivo?
MÜLLER - A Venezuela nunca usou as Forças Armadas em relações internacionais. Isso não mudará, não é do espírito venezuelano. A compra que a Venezuela está fazendo é, em parte, originada do fato de que uma boa proporção de equipamento militar venezuelano, como os F-16, é americana, e os EUA bloquearam a compra de peças de reposição. As compras são simplesmente para substituir material americano e europeu, porque o bloqueio inclui não apenas a indústria americana, já que a maior parte dos equipamentos fabricados na Europa tem tecnologia americana. O mesmo que a indústria brasileira, nós íamos comprar aviões Tucano, mas não pudemos porque os EUA impediram. Estamos simplesmente mantendo nosso nível de defesa.
FOLHA - As compras seguem a tese da "guerra assimétrica" contra uma invasão?
MÜLLER - Claro, claro. Não podemos equipar as Forças Armadas com equipamentos convencionais. Primeiro, seria um gasto inútil, porque a guerra convencional deixou de existir. É de caráter defensivo, estamos comprando principalmente material antiaéreo e sistemas de vigilância para evitar uma surpresa. Inclusive, na área naval, os submarinos não são armas de ataque, não se pode invadir um país com submarinos, é uma arma defensiva mais barata do que corvetas. Por isso é que esse senador Sarney está especulando ou seguindo os interesses do Pentágono.
FOLHA - A proposta de reforma constitucional de Chávez traz mudanças na área militar, sobretudo a criação de uma quinta Força, a das milícias. O que mudará caso a reforma seja aprovada em referendo?
MÜLLER - Em geral, a reforma não é essencial, está dentro dessa tradição latino-americana do fetichismo pelas leis. Na área militar, a reforma é mais retórica do que efetiva. As milícias existem na Venezuela desde 1811. Originalmente, se chamavam milícias, depois reserva, estamos recuperando o nome histórico do compromisso da sociedade e de seus cidadãos na defesa do país. Isso não tem finalidade agressiva, com uma milícia desse tipo não há capacidade de choque nem mobilidade. Isso é para defesa territorial. E é justamente uma das contradições da reforma, porque se está colocando a milícia como parte de uma força burocratizada, que são os Exércitos convencionais. É uma das contradições das quais discordo.
FOLHA - Chávez disse que interviria militarmente na Bolívia para defender o governo Evo Morales. É um foco potencial de confronto regional?
MÜLLER - Dada a capacidade das Forças Armadas venezuelanas, não há a possibilidade de atuar na Bolívia de forma eficaz em nenhuma circunstância. O raio de ação de nossas forças militares não permite a projeção de contingentes importantes fora do espaço venezuelano.
E, caso isso ocorresse, seria uma violação flagrante da Constituição venezuelana.

postado por Politika às 22:20

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