Líder da Triple A é detido na Espanha (2a. revisão)

A Argentina é pródiga em gerar gente esquisita, principalmente na política. Nos anos 50 emergiu dos quadros da polícia federal daquele país um cidadão chamado Jose López Rega. De segurança de Eva e Juán Perón em Buenos Aires, esta criatura passou a lacaio do casal Perón/Isabelita no exílio em Puerta de Hierro, Madrid, nos anos 70. Daí para secretário particular, conselheiro, astrólogo, macumbeiro particular e ministro foi um pulo. Quando morre Perón, Isabelita, primeira dama e vice-presidenta, assume o governo argentino e dá-se início a um dos mais desastrados governo que a Argentina conheceu. López Rega vê chegar a sua vez na história e é nomeado Ministro da Economia e depois do Bem-Estar Social.

Leitor voraz de Aleister Crowley e Krumm-Heller (Huiracocha), dentre outros, envolve-se com sociedades secretas ligadas à Ordo Templi Orientis e aos Rosacruzes e finalmente autoproclama-se bruxo oficial. Passa a usar o nome místico de Daniel.
Em Puerta de Hierro López faz sessões de umbanda, que aprendera no Brasil, usando o corpo embalsamado de Evita, dizendo-se capaz de transferir para Isabelita os extraordinários dons políticos ainda ocultos no cadáver.

A emboança não logrou êxito e, além de uma diabetes e uma gota infernal, que o impedia de andar, López Rega apenas conseguiu infernizar os oposicionistas da presidenta, além de mandar matar muitos deles.

Rega fundou a maldita Triple A - Aliança Anticomunista Argentina, disfarçada de uma organização esotérica secreta -Ásia/África/América- que via em Perón um líder mundial; associou-se ao célebre mafioso Lício Gelli, aquele mesmo que esteve metido no rolo do Banco Ambrosiano com o Cardeal Paul Marcinkus, do Banco do Vaticano e a loja maçônica P2. Esta gente toda, segundo consta, esteve envolvida até no assassinato de João Paulo I. Só gente fina, como se vê.

Ontem a polícia espanhola prendeu Rodolfo Almirón, um dos chefes da Triple A e guarda-costas de Rega, em Torrent, cidade próxima a Valência.

Segundo a Direção Geral de Polícia e Guarda Civil espanhola, a prisão aconteceu depois de uma ordem internacional de detenção, transmitida pela Interpol, com o intuito de extraditar o argentino para que ele seja julgado em seu país. Rodolfo Amirón é acusado de duplo homicídio em uma operação em 1974 comandada José López Rega, "o Bruxo".