STF e Deus.
Pela primeira nos seus centenários anos o STF fará uma audiência pública para saber onde e como começa a vida. Se não fosse o tom woodyalleniano do papo que vai rolar lá, poderíamos dizer que nossos ministros do Supremo não tem mais o que fazer. Como diria o pai da minha cunhada, "estão com tempo". Os magistrados reunir-se-ão com cientistas renomados para uma tola conversa fiada, muito embora o tema seja relevantíssimo: o uso de células-tronco embrionárias para uso em doenças degenerativas dentre outras milhares. Mas a tônica do convescote é que surpreende: em que momento exatamente começa a vida? Na concepção, daí uns dez minutos ou será antes, quando se toma aquele vinhozinho amigo e os hormônios, que também são seres vivos, começam a produzir olhares molhados e cruzadas de pernas? Quando será?
Não sei o que vai rolar no STF num papo tão evocativo, mas imagino. Senhores vetustos de toga preta, olhar de cachorro inteligente e uma meia dúzia de cientistas meio judias meio goys, da USP e da Unicamp, garantindo que a vida começa 14 horas e 37 segundos depois do rala-e-rola e que portanto antes disso todo aquele coacervado vale tanto quanto uma alga seca usada para enrolar sushi. Mais um segundo e estará aberto o caminho para um ser cheio de luz. Nelson Rodrigues dizia que em um segundo pode-se fazer a glória ou o fim de uma reputação. No bate-papo do STF um segundo poderá ser uma eternidade inefável. Pela grandiosidade, tudo rolará cercado de muito recato, água mineral e baconzitos.
Se chegarem a um acordo certamente marcarão a próxima audiência pública para discutir se a pobreza é lixo e se o rapaz pobre tem ou não tem coração.
Enquanto isso milhares de pessoas permanecem entrevadas, como o músico Herbert Vianna e Bento XVI vareja o limbo para o índex canônico, decretando que os bebês vão mesmo é para o céu se morrerem sem o batismo.
Haja tempo, como diria o pai da minha sábia cunhada.
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