A profecia.

Quando a gente pensa que nossa a imaginação não tem limites a realidade nos desaponta e mostra que só imaginamos o imaginável, por mais absurdo que pareça.

A coluna de Mônica Bergamo de hoje 3/5 na Folha de São Paulo prova isto:

FOGUEIRA 1

Caminhão de Roberto Carlos vai estacionar hoje, às 10 horas, no depósito da editora Planeta, em Barueri, para recolher os 10.700 livros de sua biografia, "Roberto Carlos em Detalhes". A Justiça proibiu que eles fossem vendidos e determinou que sejam entregues ao cantor. Uma parte deve ser descarregada num depósito de Roberto, em Diadema, onde são guardados seus equipamentos musicais. Outra pode ir para um escritório na av. Paulista.

FOGUEIRA 2

Roberto já decidiu: vai destruir os livros. A primeira idéia é simplesmente incinerá-los. A outra é reciclar o papel em que estão impressos. O material seria vendido e o dinheiro, doado a instituições de caridade.

PAULO NA MIRA

E o posicionamento do escritor Paulo Coelho, que afirmou estar "chocado" com a "atitude infantil" de Roberto por ter censurado os livros oi recebido com ponta de ironia pela equipe do rei. "É compreensível. Afinal, ele é contratado pela editora Planeta [que publicou o livro]", afirma um assessores do cantor. Na verdade, Coelho também criticou duramente a editora por ter aceitado um acordo para recolher os livros.

Nossa dúvida agora fica ainda mais cruel que antes. A parte do encalhe que vai para o escritório do Roberto Carlos vai servir para quê? Para dar aos amigos, de graça, não é admissível, pois seria uma perversidade do cantor para com o autor e a editora. Esperar envelhecer para vender a um sebo, muito menos, já que os livros acabariam entrando no mercado e a sentença judicial favorável a Roberto se tornaria nula. Servir de calço para um sofá velho ou uma mesa manca, uma porta empenada não deve ser pois na casa de um Rei não tem essas tranqueiras, só nas nossas, de reles plebeus.

Alguém poderia perguntar ao cantor/censor o que ele vai fazer com "parte" do encalhe que vai parao escritório dele e quantos livros são. 10? 100? 1.000? Há estantes suficientes para isso ou vai ficar no quartinho dos fundos?

Não sei se por força da sentença judicial os 10.700 livros que forem entregues a Roberto Carlos serão identificados como "censurados" ou numerados ou "impróprios para o consumo", mas deveriam. Pois sendo assim a editora e o autor poderiam rastreá-los daqui para frente e se um deles aparecer por aí na casa de alguém ou num sebo será sinal de que o cantor colocou-os em circulação, desobedecendo a sentença que atendeu sua demanda, já que ele é o guardião e depositário dos mesmos.