Há 45 anos morria um mito, um símbolo de uma sociedade adoecida, intolerante e incoerente, que não perdoa nem o fracasso nem o sucesso. Estandarte do que pode haver de pior num mundo, a valorização das aparências e do sucesso pessoal a qualquer custo, Marilyn morreu vítima, seja por suicídio ou homicídio ou descuido. A criança criada em orfanatos, a comerciariazinha sem nome paterno na carteira de identidade só queria sobreviver numa sociedade que cobra o preço do sucesso: ou se transforma numa mercadoria ou morre. Se for uma mulher e bela, como ela, a sentença é mais cruel: seja uma peça de carne nas mãos dos gângsters, que podem estar nos estúdios de cinema, nos boards das grandes corporações ou na Casa Branca, tanto faz. É assim num país que se autointitula "América", como se só alí fosse a América. Imortalizada por Norman Mailer e por Ernesto Cardenal, Marilyn morre de iatrogenia, um mal que dilacera o país que invadiu o Iraque para salvar as empresas petrolíferas da família de seu presidente. Um país que não suporta ver Cuba com a melhor medicina e melhor educação do mundo. Que não suporta ver um cafuzo incorruptível na presidência da Venezuela.
Esse país assassinou Marilyn Monroe.
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