Grupo Guararapes solidário com Jabor
Anos 60 e 70. O cenário é o Brasil da ditadura militar e o pau comia solto. Todo dia havia uma passeata de estudantes, de intelectuais, de trabalhadores. No epicentro dos acontecimentos estava o estudante Vladmir Palmeira, grande liderança, grande estrategista, grande orador. Para o governo Vladmir era uma espécie de inimigo público número um.
A imprensa calada no grito e no pau pelo governo divulgava as notícias de maneira cifrada e Chico Buarque se disfarçava de Julinho da Adelaide para poder fazer seu trabalho e pagar a conta do supermercado.
O jornalista Nelson Rodrigues era um dos poucos jornalistas honestos da época que elogiava a milicada, mesmo tendo um filho, Nelsinho, preso nos porões da ditadura militar. Além de elogiar o regime Nelson elogiava também, em sua coluna diária, sempre que podia e de forma eloqüente, o Vladmir Palmeira.
Até que um dia Vladmir não suporta mais e consegue, sem que ninguém soubesse, um contato com Nelson e lhe pede, quase de mãos postas: -Nelson, por favor, pare de me elogiar, isto está pegando muito mal para mim. Por favor, não me elogie nunca mais. E partiu na escuridão.
Pois bem, os protagonistas dessa época cresceram todos, muitos morreram. Uns em batalha, outros sob tortura, uns de raiva, outros naturalmente, no leito, ao lado dos filhos e netos.
Sucede que um dos sobreviventes daquela época é exatamente o senhor Arnaldo Jabor.
Hoje Arnaldo, não se sabe se por falta de coisa melhor para fazer, pura folgança ou por convicção, se especializou em descer o pau no governo do PT, a ponto de motivar o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, mover um processo contra ele.
Mas isso são filigranas.
O melhor de tudo ainda estava por vir, e veio. Não é que o Grupo Guararapes, cujo lema é "Estamos Vivos" (http://www.fortalweb.com.br/grupoguararapes/), uma organização meio pândega composta por milicos da reserva, velhinhos remanescentes da ditadura, resolveu tomar as dores de Jabor? Se você estiver aí dizendo não, não acredito, leia isto:
Fortaleza, CE, 03.05.2007
Ao Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados
Deputado ARLINDO CHINAGLIA
O GRUPO GUARARAPES tomou conhecimento de que Vossa Excelência resolveu processar o Jornalista ARNALDO JABOR(...)
(...) Parece ao GRUPO GUARARAPES que, antes de processar o conhecido e respeitado jornalista, caberia à Câmara saber como se pode gastar tanto combustível em dois meses de funcionamento, pois não é justo que o contribuinte pague tanto imposto, como é reclamado na Tribuna da Câmara. (...)
(...) Vossa Excelência, que procura defender a honra da Casa que dirige, processando o jornalista, talvez, não conheça: “o amor não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a VERDADE”. Este pensamento consta da Carta de São Paulo aos Coríntios :13;1-7. Tudo indica que Vossa Excelência, ao processar o jornalista esqueceu a palavra AMOR, QUE É GRANDIOSA, TAMBÉM, NA BUSCA DA VERDADE. (...)
ESTAMOS VIVOS! GRUPO GUARARAPES! PERSONALIDADE JURÍDICA sob reg. Nº 12 58 93, Cartório do 1º registro de títulos e documentos, em Fortaleza. Somos 1073 CIVIS – OFICIAIS GENERAIS – 335 OFICIAIS SUPERIORES E 101 CAP/TEN. TOTAL 1.541.
Já até imagino o Jabor, capa preta, barba postiça, em Fortaleza, de mãos postas pedindo aos Guararapes, por favor, parem de me defender!
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