O Bonde é dos amigos, mas o dinheiro é público.
Está causando o maior bate-boca, com direito a chutes na canela, mordidas e críticas de todos os lados a malfadada idéia do "Bonde das Letras", idéia esperta de Rodrigo Teixeira e João Paulo Cuenca. Faz sentido o brouahah. Trata-se de mandar 16 autores mais ou menos conhecidos para uma doce vilegiatura, cada um para um canto do mundo. Na volta cada um terá que entregar um conto de amor. Seria lindo se nao fosse muito caro, já que a idéia marota é que o tour seja financiado pela Lei Rouanet, em outras palavras, dinheiro público, vindo através de renúncia fiscal.
Entre os amigos, passageiros do Bonde, está por exemplo Antonia Pellegrino, que além de ser bonita e neta de Hélio Pellegrino ainda não deu ao mundo nada que justifique o Estado pagar a conta de sua viagem a Bombaim. Seu blog "Inveja de Gato" é legalzinho, ela escreve bem. Mas no mundo das letras o que conhecemos dela é "Lucidez Embriagada", que compilou e reuniu os textos do avô, o psicanalista falecido Hélio Pellegrino. Só.
Não sei o critério de inclusão ou exclusão no passeio. Ser jovem não deve ser um deles pois no grupo há que beire os 60 invernos sem grandes coisas realizadas no mundo das letras. Se a juventude fosse critério não há como explicar, por exemplo, a exclusão de Santiago Nazarian, uma das novas grandes revelações do mundo literário brasileiro.
Mas independentemente do critério, que é problema de quem bolou o passeio, a questão é que se for entrar dinheiro público na história o critério de escolha não deveria ser privado e até mesmo se o projeto justifica a despesa.