Luciano Huck na primeira pessoa: bem vindo à Terra
O apresentador Luciano Huck, da Rede Globo, escreveu um artigo na Folha de São Paulo de ontem, 1º/10, em que, ao relatar um assalto de que foi vítima, dá atestado de estar cheio de boas intenções, mas dá também provas de que entende muito pouco do que se passa no país.
Fala dos problemas sociais brasileiros, da violência urbana, do descaso de autoridades, dos movimentos "Cansei" e "Peidei", mas chama à atenção a profusão do uso de expressões na primeira pessoa, numa espécie de narcisismo ptolomaico, onde ele e apenas ele reina no universo.
Anotei, no artigo de Huck as seguintes referências, ao longo do texto:
eu/eu deixaria/ eu não veria/ tenho/fico/juro/recebo/adoro/minhas/moro/passei/por mim/eeu/meu/tenho/passo/meuprazer/confesso/concluí/
minha/queria/errei/
vejo/escrevo/estou/pensei/descobri/descobri/pensei/pensei/
pensei/pensei/posso/amanheci.
Sobre os assaltantes ele diz, sucintamente: "provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia."
Certamente não passa pela cabeça de Huck que o drama humano de um cidadão que chega à vida adulta e mata por um relógio que ele ganhou da Angélica é igual ou muito pior que o dele. Ele não vê. Ele só fala na primeira pessoa.
Já no final do artigo Luciano Huck pergunta:" Onde estão os projetos? Onde estão as políticas públicas de segurança? Onde está a polícia? Quem compra centenas de relógios roubados? Onde vende? Não acredito que a polícia não saiba. Finge não saber."
Realmente, Huck, são ótimas perguntas. Quem sabe o seu "Caldeirão" não pudesse dedicar alguns minutos para ajudar a responder suas próprias dúvidas ao invés de insistir naquela vulgaridade exibida aos sábados.
Você, Luciano Huck, também é responsável pela educação.
Você diz que seus assaltantes não tiveram educação.
Mas, e tu, Luciano, entras com quê?