Na Província de Piratininga
O Prefeito Gilberto Kassab (DEM), de São Paulo, tem demonstrado uma descomunal coragem para enfrentar problemas crônicos da cidade, como a poluição visual, através do projeto cidade limpa. Ele promete enfrentar agora a poluição sonora e a do ar. Se atingir metade do sucesso alcançado com a faxina que fez nos outdoors, letreiros, placas, banners, sua gestão já terá sido justificada.
Mas nem só de gestos acertados vive Kassab.
Nesta semana ele sancionou uma lei que é no mínimo uma tolice. Por ela o município obriga que todos os bairros, clubes, agremiações da cidade tenham seu próprio hino e este deve ser tocado em todas as solenidades da sua região de abrangência, acompanhado de uma banda de música. Nesse balaio de gatos, a lei obriga, inclusive, que o Hino da Fórmula 1 seja tocado toda vez que a disputa ocorrer na Cidade. Diga-se de passagem que este hino é uma composição horrorosa, de terrível mau gosto, chegando a ser mesmo ridícula. Agora, imagine-se o público em Interlagos de pé cantando isso.
Parece que o Prefeito não tem uma assessoria especializada em pesquisa histórica que o aconselhe sobre o significado dos símbolos.
Um hino é uma composição musical que tem como finalidade agregar pessoas em torno de uma idéia, de uma tradição consagrada, de uma unidade cultural, inoculando-as de orgulho e incentivo. Fico imaginando o povo da Vila Madalena sendo obrigado a cantar o hino da Vila na abertura da feirinha de comidas que ocorre nas ruas da Montmartre paulistana, habitada por descolados, artistas plásticos, cineastas e jornalistas.
Na minha infância e na das pessoas da minha idade os símbolos nacionais eram motivo de orgulho. Toda a família se sentia honrada com nossa presença nas paradas de 7 de setembro, marchando juntos aos militares de todas as armas.
A ditadura militar se apropriou destes símbolos e os associou de tal forma aos seus métodos e idéias que a população tomou verdadeira ojeriza por eles. Qualquer referência a esses símbolos passou a ficar indissociavelmente ligada àqueles milicos, odiados pela população.
A única coisa interessante na lei aprovada pelo Prefeito Kassab é a obrigação da presença de uma banda de música nas solenidades, mas isso poderia ter sido melhor pensado se a Prefeitura desse um incentivo para que elas tocassem numa praça nos fins de semana, executando peças clássicas, um Ernesto Nazaré, um Villa-Lobos.
Faria mais sentido e se evitaria o inevitável e ridículo provincianismo dos hinos, como o da Fórmula 1, que não faz sentido para ninguém, absolutamente ninguém.
Mas nem só de gestos acertados vive Kassab.
Nesta semana ele sancionou uma lei que é no mínimo uma tolice. Por ela o município obriga que todos os bairros, clubes, agremiações da cidade tenham seu próprio hino e este deve ser tocado em todas as solenidades da sua região de abrangência, acompanhado de uma banda de música. Nesse balaio de gatos, a lei obriga, inclusive, que o Hino da Fórmula 1 seja tocado toda vez que a disputa ocorrer na Cidade. Diga-se de passagem que este hino é uma composição horrorosa, de terrível mau gosto, chegando a ser mesmo ridícula. Agora, imagine-se o público em Interlagos de pé cantando isso.
Parece que o Prefeito não tem uma assessoria especializada em pesquisa histórica que o aconselhe sobre o significado dos símbolos.
Um hino é uma composição musical que tem como finalidade agregar pessoas em torno de uma idéia, de uma tradição consagrada, de uma unidade cultural, inoculando-as de orgulho e incentivo. Fico imaginando o povo da Vila Madalena sendo obrigado a cantar o hino da Vila na abertura da feirinha de comidas que ocorre nas ruas da Montmartre paulistana, habitada por descolados, artistas plásticos, cineastas e jornalistas.
Na minha infância e na das pessoas da minha idade os símbolos nacionais eram motivo de orgulho. Toda a família se sentia honrada com nossa presença nas paradas de 7 de setembro, marchando juntos aos militares de todas as armas.
A ditadura militar se apropriou destes símbolos e os associou de tal forma aos seus métodos e idéias que a população tomou verdadeira ojeriza por eles. Qualquer referência a esses símbolos passou a ficar indissociavelmente ligada àqueles milicos, odiados pela população.
A única coisa interessante na lei aprovada pelo Prefeito Kassab é a obrigação da presença de uma banda de música nas solenidades, mas isso poderia ter sido melhor pensado se a Prefeitura desse um incentivo para que elas tocassem numa praça nos fins de semana, executando peças clássicas, um Ernesto Nazaré, um Villa-Lobos.
Faria mais sentido e se evitaria o inevitável e ridículo provincianismo dos hinos, como o da Fórmula 1, que não faz sentido para ninguém, absolutamente ninguém.