30 outubro 2006
Esta seçao cumpre o dever de comunicar aos parentes e amigos, principalmente aos inimigos, que devem estar rindo muito, o eterno e justo descanso político de políticos que foram rejeitados pelo voto popular.
O registro de hoje vai para o Senador Arthur Virgílio (PSDB). Embora senador até 2011, caiu na besteira de ficar contando prosa de que era karateca e que ia dar um cacete no presidente da República, Lula. Resultado: obteve 5,51% dos votos para governador de seu Estado, Amazonas.
Atestado: tecnicamente morto.
Tigres de papel.
Cristovam Buarque, candidato pedetista à presidência e derrotado no primeiro turno, deu o troco pela sua demissão do Ministério da Educação de Lula: votou em Alckmin. Coisa feia. Antes tivesse feito como Heloisa Helena, que não votou em nenhum dos dois, coerente desde o início às suas convicções.
Pelo andar de suas declarações, Buarque está indo pelo mesmo caminho de Roberto Freire, comunista de fancaria, que assumiu de corpo e alma a campanha tucana. Não que esta adesão seja vergonhosa para quem quer que seja, pelo contrário. Só não cabe na roupa e na pele de quem nos enviou no passado uma mãozinha vermelha, polegar levantado, que dizia: "PCB: é legal!"
Por estas e por outras é que esse tipo de político será levado pela vaga que varrerá o país nos próximos meses, transferindo-os à contra-capa da história.
Militância de volta aos bons tempos.
Um episódio ocorrido hoje na base aérea de Brasília envolvendo a imprensa e miltantes do PT, fez lembrar os bons tempos da supostamente falecida vitalidade aguerrida das bases do petismo.
Militantes do PT, postados na base aérea de Brasiília para homenagear Lula que estava por chegar, praticamente escorraçaram de lá, no grito, repórteres que também aguardavam o presidente.
Gritando palavras de ordem como "direita", "direita", "vendida", os petistas, de volta à melhor forma, usaram a ocasião para manifestar seu repúdio à deslavada atitude parcial que a grande imprensa assumiu durante a campanha presidencial.
O presidente da FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas- Sérgio Murillo de Andrade disse que embora condenasse a atitude dos manifestantes, reconhecia que muitos profissionais e órgãos de imprensa assumiram, de forma evidente, atitudes de protagonistas na campanha dos tucanos.
Serra já tem nomes para secretariado.
O governador eleito de São Paulo já tem dois nomes para seu secretariado: Aloysio Nunes Ferreira para a Secretaria de Governo e Alberto Goldman, seu vice, para a Segurança Pública.
O nome de Andrea Callabi também anda zumbizando no seu ouvido, certamente como forma de reparar um calo antigo, quando Serra, ministro, o afastou da diretoria do BNDES.
Meditações de um blogueiro.
Nem bem o presidente do TSE, o ministro Marco Aurélio Mello, anunciou a vitória de Lula e os ventos começaram a soprar. Em seu dircurso num comício da vitória improvisado na Avenida Paulista, o centro financeiro do país, Lula disse que procurará todos os partidos e forças políticas do Brasil para conversar. "Quem não quiser conversar que digam para a nação porque não querem conversar", disse o presidente.
FHC, que anda todo pimpão e opiniático, já disparou ameaças dizendo que para ele as coisas não estão resolvidas, não, e que o PSDB vai cobrar as punições ao governo petista pelas denúncias levantadas durante a campanha.
É uma posição no mínimo curiosa para alguém que deixou a presidência da República com o nome mais sujo que só pau de galinheiro.
Não parece segredo para ninguém que ele é também um vitorioso nestas eleições. Vitorioso porque conseguiu empurrar Alckmin para dentro de uma fornalha e poupar Serra da infalível derrota frente a Lula. Conhecedor que é dos meandros de uma reeleição, FHC sabia desde o início que seria dificílimo derrotar Lula, qualquer que fosse o adversário.
Alckmin caiu na armadilha de ganhar a disputa interna pela vaga de candidato do PSDB à presidência achando que estava ganhando mesmo. Não sabia que, ao ganhar perdia, que estava servindo de bucha de canhão.
A ida de Alckmin para o segundo turno foi um susto para a dupla Serra/FHC. O medo de Alckmin ganhar a disputa, coisa que momentaneamente pareceu possível, fez com que a dupla fizesse um jogo ambíguo. Um batia o outro sumia. Um calava o outro viajava.
FHC queria tudo menos a vitória de Alckmin que, eleito, se tornaria imbatível para um novo mandato em 2010/2014, pois evidentemente jogaria na gaveta o fim da reeleição.
Como Lula não pode ter um 3o. mandato resta a Serra um caminho limpo até 2010, pois governará o Estado mais rico do país, tem nome nacional e conta com um bom trânsito com Lula, grande eleitor de 2010.
Em raros momentos deste segundo turno se viu ou se ouviu Serra criar animosidades mais explícitas com Lula.
Muito bem, tudo calculado, tudo certo. Certo? Não, errado. No meio desse caminho tem uma pedra, tem uma pedra no meio desse caminho. Esta pedra atende pelo nome de Aécio Neves.
Os problemas dos tucanos apenas começaram. No futuro, caso haja algum resquício dos anais do PSDB, os pesquisadores se depararão com a expressão "guerra interna dos 4 anos". Podem saber que tratará do período 2006/2010.
Governador reeleito com mais de 80% dos votos do segundo maior colégio eleitoral do país e segundo Estado mais importante em termos econômicos, Minas Gerais, Aécio tem Neves no sobrenome, é jovem, esperto e ambicioso. E, melhor, sem os ranços modernosos dos paulistas. E, assim como Serra, não abre mão por nada deste mundo de ser candidato a presidente em 2010.
Como num galinheiro não cabem dois galos, num tucaneiro também não cabem dois tucanos. O PSDB é um Partido eminentemente paulista, tem fincado no paulistério suas bases e sua história. Se teve momentaneamente influência cearense, nas mãos da dinastia Jereisatti, esta acaba por ruir com a vitória de Cid Gomes sobre Lúcio Alcântara.
A sociedade de idéias e interesses cravada entre tucanos e pefelistas parece ter-se esgotado e chegou ao fim. O PFL entrará em pré-agonia pois perdeu todas alianças legítimas e de ocasião. Preferiu, nos últimos anos, ser o cachorro do rei e hoje não consegue mais ser nem o rei dos cachorros.
O vice de Serrra é Goldman, também tucano.
Resta ao PFL a importante prefeitura de São Paulo, nas mãos hábeis de Gilberto Kassab, que a partir de 1o. de janeiro começa de fato seu governo.
Não restará a Aécio outra alternativa que alçar vôo do ninho tucano e pousar em outro Partido (PMDB??) ou, repetindo o avô, criar uma espécie de PP, só que com uma cara à direita de um PT ressucitado e renovado, mas à esquerda do PSDB, que assumiu seu verdadeiro perfil de nova direita explícita do Brasil. Não mais aquela direita estigmatizada pelos vínculos com a ditadura, mas uma direita mais moderna, civilizada, neo-conservadora.
A vitória de Lula parece estar impondo ao país uma sacudida no passado e a implantaçao de uma nova visão de realidade, o que já ocorre no resto do mundo. Esquerda é esquerda e deve agir como esquerda. Direita é direita e como tal deve proceder. Neste cenário sobrará pouco espaço para zonas cinzentas, sem cor ideológica.
Os escândalos envolvendo parlamentares solertes e espertalhões, se por um lado serviram para fazer o povo desacreditar na classe política, por outro ajudaram a depurar um pouco nossos plenários.
Uma outra grande conquista que a vitória de Lula parece estar trazendo ao país é a constatação da derrota e do fracasso da mídia como agente manipulador da opinião pública, a favor ou contra este ou aquele candidato.
Um Lula eleito depois do massacre que ele sofreu dos meios de comunicação é uma prova de que chega ao fim a onipotência do quarto poder, alías até sua condição mesma de poder.
O vergonhoso comportamento da mídia nestas eleições presidenciais e o resultado delas é a prova da vitória do povo brasileiro.
Se Lula aprendeu a lição ele haverá de entender que este povo que peitou a mídia poderosa e o elegeu é só o que ele tem. E nada mais.
Onde ganharam Lula e Alckmin.
No resultado final, mas ainda extra-oficial do TSE, com 99% dos votos apurados, o presidente Lula venceu as eleições nos Estados do Amapá, Rondonia, Acre, Amazonas, Pará, Piauí, Maranhão, Ceará, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Tocantins, Goiás e Distrito Federal.
Alkcmin venceu em Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
São estes os totais até agora apurados:
1. Lula(PT) 58.291.543 votos (60,83%)
2. Geraldo Alckmin(PSDB) 37.542.295 votos (39,17%)
2. Geraldo Alckmin(PSDB) 37.542.295 votos (39,17%)