Má fé

O Portal do Estadão está fazendo uma associação maliciosa e mal-intencionada entre o acidente da TAM e uma possível culpa do governo federal no epiódio. Embora não explicite a relação de causa e efeito, veja como isso acontece de maneira sorrateira e insinuante, na apresentação abaixo. Clique em "full", para obter uma visualização melhor, pois os slides estão com má qualidade.

No dia do acidente, Airbus pousou 3 vezes em Congonhas

O histórico de vôos do Airbus A320 da TAM diminui a possibilidade de que a chuva e a pista do Aeroporto de Congonhas tenham sido decisivas na tragédia que matou ao menos 199 pessoas. Isso porque, no dia do acidente, o avião de prefixo MBK já havia pousado duas vezes na pista principal do aeroporto, uma delas enquanto chovia quase três vezes mais do que no momento do desastre. Em nenhuma das aterrissagens houve queixas de pista escorregadia ou problemas mecânicos.

(Agência Estado)

Jornal argentino diz que Brasil ficou surrealista

O Brasil vive uma "esquizofrenia informativa" em relação ao acidente com o Airbus A320 e os apagões aéreos, diz uma matéria do jornal argentino Página 12 nesta terça-feira.

O diário observa que, nos últimos dias, "os meios de comunicação opositores" têm difundido informações contraditórias sobre a tragédia em Congonhas e o "apagão" que paralisou diversos aeroportos do país no sábado.

Entre versões que divergem sobre os culpados pelo acidente - a pista, o piloto, a TAM ou o governo - o Palácio do Planalto tem recebido com cautela as informações, diz o Página 12.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu calma aos parentes das vítimas para esperar que as investigações avancem."Estes dias, nada se descarta e nada se comprova no Brasil. O único que há são especulações", conclui o jornal.

O jornal La Nación traz um retrato da situação "surrealista" que vive o país desde que a crise aérea se tornou mais aguda."

Algumas situações rivalizam com as cenas do filme Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu", afirma o diário.

A matéria nota que os passageiros estão entre "furiosos e aterrorizados" na hora de voar. "O Brasil é o país com maior número de católicos do mundo, e agora é possível perceber: nunca se rezaram tantos Pai Nosso em decolagens e pousos".

O La Nación diz que "os aeroportos se tornaram acampamentos de 'sem terra': as pessoas se deitam nos corredores à espera de vôos que atrasam horas".

"Como às vezes a paciência tem fim, ontem o aeroporto (de Congonhas) teve de reforçar a guarda policial, porque as pessoas estão perdendo as estribeiras, e atender ao balcão do check-in se transformou em profissão de risco."

"Alguns passageiros gritam, outros choram, outros agarram os empregados pelo colarinho."

O texto nota uma "ironia" na atual situação: o aeroporto de Congonhas teria se tornado "escala virtual para o terminal de ônibus"."

Os passageiros chegam e se convencem pessoalmente de que será melhor tomar um ônibus que enfrentar o pesadelo de esperas, falta de informação e medo."

Soma de erros e de palpites

Ninguém suporta mais ouvir o tsunami de palpiteiros que invadiu o noticiário nos últimos 7 dias. De repente todo mundo virou especialista em aeronáutica, aeroportos, aerodinâmica. Expressões tais como grooving, arremeter, aelerons, flaps, reversores, freios aerodinâmicos, aquaplanagem passeiam livremente nas bocas de deputados nordestinos, Lucianas Gimenez, Tiriricas, Jôs Soares... Todo mundo quer tirar sua casquinha nos 200 cadáveres carbonizados do acidente da TAM.
Mas o que impressiona mesmo é que da boca de quem deveria vir alguma explicação não se ouve nada. Diretores da TAM falam de problemas técnicos do avião ao mesmo tempo que se defendem no manual do proprietário da aeronave, dizendo que o problema é uma problema mas não é um problema. Aí vem um outro diretor da mesma TAM e diz que o problema é sim um problema, desde que não haja um outro problema. Vimos, portanto, que da TAM não se pode esperar muita coisa.
No governo ninguém se entende. O presidente da ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil, um tal não-sei-o-quê Zuanazzi é sociólogo. Uma outra diretora aprecia e conhece bem de puros cubanos. É pouco para segurar um avião deslizando em direção ao inferno de mil graus centígrados.
Dois deputados da CPI do Apagão Aéreo foram para os Estados Unidos acompanhar a perícia na caixa preta do Air Bus acidentado. Eles não falam inglês, não entendem chongas de aviação. De lá, com ar de conselheiro Acácio, Efraim Filho (DEM-PB) dizia ontem que o piloto do vôo 3054 “não tentou arremeter”.
Marco Maia (PT-RS), seu companheiro de vilegiatura, desmente, frente às câmeras da TV:
“tentou, sim, ao que parece, mas não sabemos.”
Paralelemante o órgão responsável pela perícia diz que não autorizou ninguém emitir opiniões sobre o conteúdo da caixa preta, que não havia sido sequer aberta.
A pergunta que não cala é: por quê, depois de tantos anos, justamente agora, de uma só vez, todos os problemas da aviação “resolveram” acontecer?
Por exemplo: não seria de se esperar que, tendo o avião sinistrado destruído a canaleta de vazão de água da pista sobre a encosta, que ela fosse imediatamente refeita, antes que desabasse, como desabou ontem? Quem é responsável por isso?

Essa soma de incompetências parece ser mais do que isso.
Ao que parece e tudo indica, há uma batuta por trás disso tudo. Resta saber de quem é a mão podre que a segura.

O IPT e a pista de Congonhas

RODRIGUES MANTÉM O QUE DISSE SOBRE O IPT
Paulo Henrique Amorim
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil.

. O jornalista Fernando Rodrigues publicou em seu site no Uol a íntegra de um parecer do IPT feito depois da obra na pista principal de Congonhas.
. O laudo é claríssimo: a pista principal de Congonhas é de excelente qualidade.
. A Folha de S. Paulo, que é dona do Uol e emprega Fernando, escondeu a notícia.
. O Conversa Afiada contou essa história.
. E previu que o laudo publicado por Fernando poderia ser “revisado” pelo presidente eleito José Serra, que manda no IPT.
. Agora, a manchete do Último Segundo do iG contém informação do Observatório da Imprensa, de autoria do jornalista Luis Weiss, editorialista do Estadão (clique aqui).
. Ele apresenta um outro relatório do IPT.
. Que não libera a pista.

Leia a íntegra, aqui.