Fumar e matar passarinho
Dia desses eu lia uma breve biografia de meu avô, escrita por um tio. Ambos já se foram, idosos, deste mundo, embora tenham fumado durante todas as suas vidas. Mas o que me chamou a atenção foram comentários feitos por meu tio sobre os passatempos preferidos do meu avô. Dizia o tio Christovam que meu avô ia diariamente buscá-lo na escola a cavalo, com uma espingarda ao ombro e, até chegar à fazenda onde moravam em Cláudio Manoel, Minas Gerais, praticava o tal passatempo favorito: matar passarinho!
Imagine nos dias de hoje alguém com um passatempo desses.
Imagine nos dias de hoje alguém com um passatempo desses.
Como previu George Orwell, dia haveria de chegar em que viveríamos num Estado policial que meteria o bedelho no mais íntimo da sua vida.
Fumar, por exemplo. Vejam as imagens acima e imagine isso estampado numa página da Folha de São Paulo ou na contra-capa de Caros Amigos, Carta Capital.
É claro que fumar não faz bem, nem matar passarinhos, como meu bom avô. Mas que é bom ter muito cuidado com as pequenas repressões do dia-a-dia que vamos aceitando e engolindo sem pensar, isso é. É bom ver bem claramente o que é uma mudança necessária ao bem comum e o que é simplesmente a sua vida estar, lentamente controlada, manu militari.