O calvário de um subsíndico
Além de encher o saco dos leitores com as notas do blog Politika, também exerço a nobre função de subsíndico do prédio onde moro. Já percebi que um condomínio de apartamentos, até os pequenos como o meu, é, na verdade, uma fauna variada de loucos de todos os gêneros.
A gente pede, implora, faz circulares, faz contas, cálculos, economiza, ninguém dá bola, ninguém obedece.
Com o saco na lua, no último fim de semana exarei, isso mesmo, exarei, uma circular que acabou se tornando se não um instrumento de cumprimento de normas, pelo menos de alguns cumprimentos no elevador. Como talvez tenha sido um dos poucos momentos de amistosidade desde que assumi a nobre função, resolvi reproduzir abaixo a circular.
Vizinhos:
sexta-feira, ou sábado, estou em dúvida... Sábado, fui surpreendido com uma nova mudança que saía do prédio, do morador do 9º andar, fundos, obstruindo, embora sem percalços, as entradas da garagem.
Outro dia, isso já havia dado enguiços com o Assessor, que não conseguiu entrar no prédio com seu carro. Para mal dos pecados aconteceu duas vezes com ele, em dias alternados.
Me surpreendeu, entretanto, que ninguém do condomínio fora comunicado da mudança. De repente e não mais que de repente, nos aparece um caminhão de mudanças. Poderia perfeitamente ser um caminhão de ladrões se aproveitando do feriadão para limpar algum apartamento, sabendo que os moradores viajaram. Não foi o caso, mas poderia ter sido.
Me lembro que já mandamos a administradora enviar aos moradores a carta-circular sobre normas de mudanças, conjuntamente com a ata da assembléia. Em vão. A ata veio. A carta eu não recebi.
Já falei sobre isso dezenas de vezes e eu, que já não sou flor que se cheire, tenho me covertido num sujeito inconveniente nesse assunto.
Não sei explicar porque isso não progride.
Mas repito: não temos normas para esse assunto. Cada um faz o que quer, quando quer e como quer.
Sempre aparece um caminhão do nada, de manhã, leva uma mudança e some.
Outro assunto: informei à síndica dos comentários que recebi de senhoras, sobre as roupas dos funcionários do prédio, que estão sem uniformes. Há pouco tempo um deles usava um paletó que era uma vergonha.
Um desses moradores querelantes até já morreu, o que não é nenhuma vantagem, mas pelo menos já é um condômino que não reclama mais, descansa e tem a eternidade para esperar.
Alguns sobreviventes chegaram a dizer que os funcionários parecem papagaios tal a profusão de cores que abundam a guarita. Não é certo que eles gastem suas roupas pessoais no trabalho. Mas esse também é um assunto que já está esgarçado de tanto que já falamos.
O Assessor tentou bater boca comigo na garagem sobre a pintura da vaga em frente à dele. Com um olhar estranho, ficou quase violento e chegou a dizer merda. Pensei que fosse me bater.
Não me exaltei. Limitei-me a dizer que ele era um homem educado e polido e que estas expressões não ficavam bem em sua boca. Ele ficou meio sem graça.
Tive vontade de pedir que ele fosse tomar no cu.
Pacientemente, me limitei a dizer que a garagem não era foro para nada e que na próxima assembléia reservaríamos um bom tempo para que ele pudesse, com educação e urbanidade, manifestar seu desconforto.
Mas deixei claro que ele só poderia falar se se comprometesse a se portar como o cavalheiro que sempre pareceu ser. Ele disse que iria, agradeceu e se foi.
Abraços a todos.
O subsíndico
Outro dia, isso já havia dado enguiços com o Assessor, que não conseguiu entrar no prédio com seu carro. Para mal dos pecados aconteceu duas vezes com ele, em dias alternados.
Me surpreendeu, entretanto, que ninguém do condomínio fora comunicado da mudança. De repente e não mais que de repente, nos aparece um caminhão de mudanças. Poderia perfeitamente ser um caminhão de ladrões se aproveitando do feriadão para limpar algum apartamento, sabendo que os moradores viajaram. Não foi o caso, mas poderia ter sido.
Me lembro que já mandamos a administradora enviar aos moradores a carta-circular sobre normas de mudanças, conjuntamente com a ata da assembléia. Em vão. A ata veio. A carta eu não recebi.
Já falei sobre isso dezenas de vezes e eu, que já não sou flor que se cheire, tenho me covertido num sujeito inconveniente nesse assunto.
Não sei explicar porque isso não progride.
Mas repito: não temos normas para esse assunto. Cada um faz o que quer, quando quer e como quer.
Sempre aparece um caminhão do nada, de manhã, leva uma mudança e some.
Outro assunto: informei à síndica dos comentários que recebi de senhoras, sobre as roupas dos funcionários do prédio, que estão sem uniformes. Há pouco tempo um deles usava um paletó que era uma vergonha.
Um desses moradores querelantes até já morreu, o que não é nenhuma vantagem, mas pelo menos já é um condômino que não reclama mais, descansa e tem a eternidade para esperar.
Alguns sobreviventes chegaram a dizer que os funcionários parecem papagaios tal a profusão de cores que abundam a guarita. Não é certo que eles gastem suas roupas pessoais no trabalho. Mas esse também é um assunto que já está esgarçado de tanto que já falamos.
O Assessor tentou bater boca comigo na garagem sobre a pintura da vaga em frente à dele. Com um olhar estranho, ficou quase violento e chegou a dizer merda. Pensei que fosse me bater.
Não me exaltei. Limitei-me a dizer que ele era um homem educado e polido e que estas expressões não ficavam bem em sua boca. Ele ficou meio sem graça.
Tive vontade de pedir que ele fosse tomar no cu.
Pacientemente, me limitei a dizer que a garagem não era foro para nada e que na próxima assembléia reservaríamos um bom tempo para que ele pudesse, com educação e urbanidade, manifestar seu desconforto.
Mas deixei claro que ele só poderia falar se se comprometesse a se portar como o cavalheiro que sempre pareceu ser. Ele disse que iria, agradeceu e se foi.
Abraços a todos.
O subsíndico