"Revista da Semana": Biografia de Paulo Coelho escrita por Fernando Morais será o best-seller de 2008

Por Tita Berton
O mercado editorial deve perder um pouco de sua magia em 2008. Com a despedida de Harry Potter, com 350 milhões exemplares vendidos em todo o mundo nos últimos dez anos, um espaço se abre nas prateleiras. No Brasil, onde As Relíquias da Morte, o último volume da saga assinada por J. K. Rowling, chegou às livrarias com uma rara tiragem de 350 mil exemplares, já há um forte candidato a best-seller do novo ano, com um personagem à altura dos aprendizes de feiticeiro de Hogwarts: o mago Paulo Coelho, em biografia assinada pelo jornalista Fernando Morais.“É o melhor personagem com que já topei em toda a minha carreira”, declarou Fernando Morais à Folha Online. Autor de biografias de personagens vigorosos, como Olga Benário (1908-1942), ompanheira do líder comunista Luís Carlos Prestes (1898-1990), e Assis Chateaubriand (1892- 1968), o primeiro magnata das comunicações do Brasil, o jornalista gravou mais de 250 horas de conversa com Coelho. Mudou-se inclusive para o Rio de Janeiro por oito meses, onde mora o imortal da Academia Brasileira de Letras. Além das entrevistas e das andanças mundo afora acompanhando o biografado, Morais teve acesso a uma preciosidade: um baú trancado com cadeado cuja existência descobriu ao ler o testamento do escritor, que determinava a sua incineração no dia seguinte à sua morte. Para os fãs de Coelho, seu tesouro pode ser comparado ao manuscrito de The Tales of Beedle the Bard, de J. K. Rowling, arrematado há duas semanas num leilão por US$ 4 milhões. São cerca de 180 cadernos com os diários de Coelho, cobrindo mais de três décadas de vida – de 1960 até 1994.
Por ora intitulada O Mago – A Extraordinária História de Paulo Coelho, a biografia cobrirá a vida do escritor até os 60 anos, completados em 24 de agosto de 2007. “É uma história fascinante, de um período em que o Paulo não era ninguém, o Raul Seixas idem. Mostro o encontro deles”, disse Morais à revista Época. “Ele contou tudo, até o que não se confessa nem para si próprio trancado no banheiro com a luz apagada”, disse Morais à IstoÉ.

A expectativa em torno do lançamento, ainda sem data definida, é grande. A editora Planeta, que desembarcou da Espanha no país em 2003, conseguiu reunir num único projeto dois dos autores nacionais de maior sucesso. Segundo estimativas pessoais, os livros de Coelho já venderam mais de 100 milhões de exemplares, e os de Morais, mais de 2,5 milhões. Pensando bem, Harry Potter e J.K. Rowling não devem deixar tanta saudade assim nas livrarias em 2008.

Sai Harry Potter, entra biografia de Paulo Coelho, de Fernando Morais

Editoras e revistas especilizadas já anunciam, nos rastros dos sucessos e talentos de biógrafo e biografado, o maior sucesso editorial de 2008: a biografia de Paulo Coelho, que está sendo finalizada por Fernando Morais. A alvissareira promessa é que o sucesso da obra passe a representar um novo Harry Potter editorial.

A história pessoal de Coelho é simplesmente eletrizante, surpreendente e para dizer uma palavra, cativante. Trata-se, Coelho, de um ser humano como poucos. Toda sua vida é um exemplo de uma invejável pertinácia na busca da sua verdade pessoal, de suas lutas e batalhas contra qualquer coisa que o tirasse do caminho do conhecimento.

Exemplar e disciplinado na busca de sua verdadeira missão no nosso mundinho chato, feito de pentalhações e encheções de saco, onde muitos atalharam e acabaram de maneira fatal ou como bons pequenos burgueses, Paulo Coelho perseverou e pode, depois de um calvário pessoal sair lúcido e redimido do outro lado.

Desde muito cedo- incrivelmente cedo- Paulo dedicou-se de corpo e alma à busca das razões mais profundas de sua própria existência. Leu como um desesperado.

Ao contrário da visão hoje considerada pretensiosa baseada na evidência de que a vida humana não faz o menor sentido, nós é que devemos atribuir-lhe uma razão de ser, Paulo acreditou que havia algo maior no anverso do universo. Depois de buscar sua lenda nas drogas, sociedades secretas, satânicas e, como na música de Gilberto Gil, lamber o chão dos palácios suntuosos de seus sonhos, ficar tristonho, achar-se medonho, comer o pão que o diabo amassou, todos achavam que Paulo chegaria daquele lado de onde chega apitando quem atravessou o Rubicão. Mas chegou do outro. Ao invés de vir como popstar badalado no mundo todo, milionário, exibindo posses e com atrizes peitudas à tiracolo, o que vimos foi o retrato de um senhor precocemente envelhecido, que tem poucas roupas, um carro velho, fala mansa, faz com rigor rituais diários de recolhimento e que traz na voz o tom da sabedoria. Quem nos vem é, com algum exagero, quase um santo.

Esse talvez seja o Paulo Coelho de Fernando Morais.

O biógrafo, fanático por um thriller e experiente em biografias, como todo bom escritor vê coisas que ninguém vê. Nesta condição, seu livro certamente nos trará emoção todo o tempo. Mas, certamente, reconduzirá Paulo Coelho ao seu verdadeiro lugar: o de um homem que passou por todo o Universo para chegar no lugar de onde exatamente partiu, mas trazendo sobre os ombros arqueados o dom da transcendência, a maturidade espiritual, a calma da superação.

O livro promete.

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