“Desencantado? Pelo contrário. Estou é encantado, porque estaremos livres dessa raça pelos próximos 30 anos”.

Esta frase, dita pelo senador Jorge Bornhausen, foi o motivo da condenação, em primiera instância, do prof. Emir Sader(foto), cientista político e colunista da Agência Carta Maior, pelo juiz Rodrigo César Muller Valente da 11a. Vara Criminal de São Paulo.

O senador moveu ação contra o cientista político em razão de um artigo que ele publicou em Carta Maior condenando a expressão e chamando o senador catarinense de racista.

Sader foi condenado a um ano de detenção convertido em prestação de serviços comunitários e à perda do cargo de prof. da UERJ. Da decisão cabe recurso. Para ler a reportagem e o artigo que originou a ação na justiça, clique no link acima.

A imprensa que ouve sempre os dois lados: "o meu e o dos meus amigos."

por Danilo Matoso Macedo*

A Revista Veja não arrefeceu. Seus editores já deixaram bem claro que não vão abrir mão do tom denuncista e da indignação exacerbada típica de quem deseja convencer pela instransigência e o radicalismo. A história mostra que este é o tipo de discurso que surge em momentos univalentes como a ditadura Stalinista, a ditadura nazista na alemanha, o franquismo na Espanha. Até - por que não? - a ditadura militar em nosso país. É o argumento que não admite contraposição, sem espaço para a dúvida. Vejam a nota abaixo(1) com especial atenção ao "fecho de ouro", de significado claro e surpreendente acerca das intenções dos editores.

Amigos, o momento inspira cuidados. É preciso cuidado no trato da informação e mais cuidado ainda ao se ler as entrelinhas de uma telenovela ou um jornal. Essa turma, os donos dos meios de comunicação, não vai querer abrir mão do papel de "formadores de opinião" que reivindicam para si. O resultado das urnas foi uma demonstração de que o poder deles é limitado e vai, certamente, reduzir o valor político da Veja, Estadão e Folha de S.Paulo no cenário nacional. Da Globo não digo, pois eles acenderam uma vela pra cada santo, dando margem aos ataques de ambos os lados e impedindo as defesas. Ao denunciarem os ataques do PT e do PSDB, sem margem às defesas, deram o sangue que cada lado pedia, e a ilusão de justiça.

O clima de golpe já se anuncia. No Senado a "tropa de choque" liderada por Heráclito "Jabba the Hut" Fortes e Arthur Virgílio já foi às tribunas falar em derrubada de Lula. Virgílio disse que: "O presidente reeleito, portanto, começa mal. O hábito do cachimbo entortou-lhe a boca. Ainda é tempo de refletir e recuar". Vejamos se não surge na TV alguma minissérie ou novela com o povo na rua lutando "contra o regime" - como a "Anos Rebeldes" que mobilizou a meninada histérica pelo impeachment de Collor. A novela "Páginas da Vida" e a "Cobras e Lagartos" já colocaram a classe A no comando para mostrar que pobre não sabe mandar (o caso do personagem vivido por Lázaro Ramos é emblemático). O time de protagonistas da alta elite carioca da novela das oito exclui completamente outra possibilidade de sucesso pessoal ou profissional. Acho que a personagem mais ridícula é a vivida por Marcos Paulo, onde um médico assistencialista passa anos na África cuidando dos necessitados, como se aqui não os houvesse. Pode ser que a coisa tenha sido sutil demais e não funcionou como eles queriam. Pode ser que eles coloquem o ponto de vista de modo mais claro.

O povo tem que se mobilizar é pela estabilidade dos governos em prol de uma política real de Estado, e não pela derrubada sistemática de governantes devido a escândalos circunstanciais.

É bom lembrar que o levante militar de 1964 foi motivado, na superfície, pelo mesmo tipo de intransigência e indisponibilidade ao diálogo; no fundo, pelos valores que todos vimos.

Danilo Matoso Macedo é arquiteto, de Brasília.

(1)http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,AA1333837-5601,00.html

Harry Potter folgado

De Larry Rohter, correspondente do New York Times, aquele que por pouco não leva um pé-na-bunda, por ter chamado Lula de alcoólatra:

"Mesmo antes do início de seu segundo mandato, Lula enfrenta a perspectiva daquilo que alguns brasileiros vêm definindo como "o terceiro turno" da eleição. Embora a dimensão de sua vitória deva desencorajar os oposicionistas a pedir seu impeachment, há processos em curso nos tribunais, e detê-los pode se provar mais difícil."

Sempre Livre mini.

"Volta a truculência."

Este é o título do editorial da Folha de São Paulo de hoje,1/11. Babando sangue, o texto começa dizendo que "passada a eleição, grupos governistas ensaiam campanha para intimidar a imprensa livre e coibir o direito à informação". O conteúdo do chamado "artigo de fundo", depois de chamar de boçal o governador Roberto Requião, prossegue "mais eriçado que as cerdas bravas de um javali", para citar uma das metáforas preferidas de Nelson Rodrigues; na verdade o editorial nada mais é do que a defesa, não da liberdade de opinião e expressão, mas da corporação, nos episódios da Base Aérea de Brasilia, onde repórteres de Veja, Folha e Globo foram hostilizados e escorraçados por militantes do PT e outro na PF, onde um delegado falou grosso com repórtes da Veja.

Embora pareça, não é um texto do site Kibeloco nem do Pânico na TV, pois termina dizendo que " o que essas manifestações de hostilidade ameaçam é muito mais do que a imprensa: é o direito da sociedade de ter livre acesso à informação e à opinião"[sic]. Como é que é? Espera aí, vou repetir: " o que essas manifestações de hostilidade ameaçam é muito mais do que a imprensa: é o direito da sociedade de ter livre acesso à informação e à opinião".

É para rir, não é?

Lobo perde o pêlo mas não perde o vício

"Veja" e companhia não parecem dar sinal de que pretendem ensarilhar armas. Pelo jeito não deram bola para as urnas. Como o lobo, pode perder o pêlo mas não abandona seus velhos hábitos.

O resultado das eleiçoes, que deveria ter servido de prenúncio para a grande imprensa de que os tempos estão mudando, não produziu efeitos pedagógicos.

Como dizia o velho Chatô, precursor da mídia autoritária e prepotente, muitas vezes só se corrige um abusado com surras corretivas de rabo de tatu. Usando a frase do velho capitão como metáfora, foi mais ou menos isso que fez hoje o delegado da Polícia Federal Moysés Eduardo Ferreira com cinco repórteres da revista Veja, convocados para depor.

Curto e grosso, como convém a um delegado que se preze, Ferreira quis saber da repórter Julia Duailibi quem era o editor responsável pela "falácia" escrita por ela e publicada na revista, de que a Polícia Federal estaria armando uma "operação abafa" para livrar a cara de Freud Godoy das acusações de envolvimento na compra do já carcomido "dossiê Vedoin".

O delegado considerou muito graves as acusações de Veja que envolviam o diretor-executivo da Superintendência da PF, Severino Alexandre.

Sem dar muita bola para o desconforto e a demora do depoimento reclamados pela repórter, Ferreira liqüidou: "Se você ficou duas horas, seu chefe vai ficar quatro".

É claro que o espírito de corpo falou mais alto. Mais do que depressa, o portal de notícias G1, da Globo, reproduziu na íntegra a nota da Editora Abril* sobre o espisódio ocorrido na PF.

Ver em :http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,AA1333837-5601,00.html

Além de Júlia Duailibi foram ouvidos também Camila Pereira e Marcelo Carneiro, da mesma revista.

O espisódio engrossa o caldo da indignação que vai se alastrando pelo país em razão da atitude parcial e unilateral que a grande imprensa adotou durante o processo eleitoral, imundando sua missão e sua obrigação de informar e instruir a opinião pública.

(*sobre a verdadeira face Editora da Abril clique aqui e leia artigo publicado no blog Politika.)

GOLPISTA DE ARRABALDE

"O presidente reeleito, portanto, começa mal. O hábito do cachimbo entortou-lhe a boca. Ainda é tempo de refletir e recuar". (senador Arthur Virgílio-PSDB/AM- do plenário do Senado Federal)